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Com a palavra a ciência

Novas escolhas, um processo

Fazer escolhas e decidir não é algo trivial. A tomada de decisão é o processo sobre escolher  entre diferentes opções ou cursos de ação, em meio aos nossos desejos e compromissos  estabelecidos em relacionamentos, independentes destes serem íntimos, sociais ou de trabalho.  É uma parte essencial da vida, e estamos constantemente tomando decisões, sejam elas  grandes ou pequenas, certas ou erradas. Mas, existem escolhas erradas e certas? Ou aquilo que  parecia um desastre acaba se revelando uma possibilidade fora da curva que favorece  mudanças importantes e necessárias em nossas vidas? Como entender o lado aparentemente  ruim e errado de uma escolha? E o que fazer com isso? 

NOVAS ESCOLHAS  

Mesmo quando reconfirmamos uma escolha que já tínhamos feito antes, ela não deixa de ser  nova, uma vez que algo desafiou nossa certeza e nos colocou para repensar o que tínhamos em  mãos. Seja qual for a natureza da angustia que nos coloca diante da necessidade de fazer novas  escolhas, ou repensar sobre as que tínhamos feito, este processo será sempre desafiador e  bom.  

Lendo um artigo de Svetlana Whitener na Revista Forbes sobre liderança e o processo decisório,  achei interessante a distinção que ela faz sobre escolher e decidir. A autora coloca a escolha  pertencente ao campo da liberdade e a decisão ao do determinismo. Ao contrário da liberdade,  que significa nossa capacidade de escolher entre várias alternativas sem restrições, o  determinismo é a teoria filosófica sobre como todos os eventos, incluindo a ação humana, estão  determinados por causas externas à nossa vontade. Colocado assim, isto realmente não serve  como guia para fazer escolhas e tomar decisões, já que não existe liberdade irrestrita nem  restrição irrevogável na vida mas, me deu um insight.

Nossos desejos e sonhos são motivadores essenciais para novas escolhas. Quando sentimos  forte apelo por algo, seja para abraçar o novo ou mesmo romper o velho, são as emoções que  motivam e nos deslocam. Na proximidade íntima e verdadeira com nossas emoções acessamos  uma força para imaginar a mudança, idealizá-la. É verdade também que não é bom tomar  decisões simplesmente seguindo às cegas essas emoções e crenças, como um lobo faminto  que persegue uma galinha. Na tomada de decisão, há de ocorrer uma adequação às dinâmicas  e restrições próprias dos nossos relacionamentos ou da situação. Quando isso é trazido para o  cenário idealizado da mudança, ganhamos contexto. O contexto oferece mais complexidade  porque acrescenta ao vislumbre da mudança, mais informações e suas possíveis consequências.  Fazer escolhas e decidir não é algo trivial. Além das emoções e informações sobre o contexto,  há um espaço considerável a ser ocupado pela sabedoria. Como organizar tudo isso no  momento da escolha? 

O PROCESSO DE FAZER ESCOLHAS  

Eu considero a mudança com base em escolhas uma das coisas mais importantes para o  amadurecimento emocional humano. Não existe um momento particular em que a escolha é  feita. A escolha é um processo e entendê-la assim pode ajudar muito na tomada de decisão.  Neste sentido, e inspirada pelos estudos de Jim Dethmer, sugiro cinco etapas estruturantes que  compõem o processo de fazer escolhas: 

 

Saber de si 

Tenho clareza dos meus sentimentos? Estou reativa ou buscando controle, aprovação? Sinto-me  vulnerável? 

 

Aceitar-se 

Posso reconhecer a emoção que me toma? Posso permitir e explorar a energia que essa  emoção evoca? O que essa emoção quer me dizer e que sabedoria trás essa emoção? 

 

Escolher 

Com informações e contextualização, eu me sinto pronta para fazer minha escolha? 

 

Acordo impecável com a escolha 

Assumir a escolha é algo que demanda compromisso. O acordo é importante para integrar na  mudança os desafios que a escolha inevitavelmente trará neste novo território. 

 

Reconhecer e aceitar a quebra do acordo 

A quebra do acordo é mais comum do que imaginamos. Quando não negamos este fato, ele  oferece nova chance à situação e ao processo de escolher. Quando negamos, nos afastamos da  energia essencial que nos motiva a mudar. Ao reconhecer e aceitar a quebra do acordo,  podemos simplesmente retomar ao passo 1, saber de si, e reiniciar todo o ciclo deste processo. 

 

A escolha é um processo que pode ser mais rápido ou lento. Há situações que produzem  tamanha e sufocante angustia e insatisfação que somos impelidos a escolher rapidamente.  Aquela escolha que surge é a única saída, nem fácil ou difícil, simplesmente a única saída. Em  outras situações, o processo de escolher nos deixa mais tempo e permite uma confrontação  mais longa entre a idealização e a realidade. Tudo neste processo é rico, mesmo as escolhas  ruins ou erradas podem ensinar muito sobre nós, nossa capacidade de reconhecer e permitir  uma emoção difícil, nossa escuta e leitura da situação e, sobretudo a percepção do contexto.

 

Quando entendemos o lado bom que uma escolha ruim oferece, retomamos o processo da fazer  novas escolhas mais preparados e mais conscientes de nós e da situação. Fluímos!

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