Ouvir e ler a Rebecca Solnit me deu muita força naquele momento em que parecia tão distante sustentar a esperança. Tudo veio à tona, o que foi e o que virá. Não só em terras distantes, mas aqui no meu chão. Há muito que não se pode mais pensar em terras distantes, porque estamos todos conectados, juntos nesse tecido que se chama vida humana no planeta Terra. Esse tecido que se esgarça com frequência, que escapa à compreensão, que refugia no coração de alguém que ama com bondade. Eu já disse outras vezes, mas é sempre bom falar de novo: A verdadeira prova espiritual não está na religião que a pessoa professa, mas em seus atos de brandura, bravura e respeito a todos os seres. Os tempos chegaram para testar nossa inclinação para a solidariedade e generosidade. É hora de recriar os santuários!
Vamos à Rebecca em sua eloquente e delicada linguagem:
“Querem que você se sinta impotente e que se renda, que deixe que eles pisoteiem tudo, e você não vai deixar. Você não vai desistir, e eu também não.
O fato de não podermos salvar tudo não significa que não possamos salvar nada, e tudo que conseguirmos salvar vale a pena ser salvo. Você pode precisar chorar ou gritar ou tirar um tempo, mas você tem um papel a desempenhar, não importa o que aconteça, e neste momento, bons amigos e bons princípios valem a pena serem reunidos.
Lembre-se do que você ama. Lembre-se do que ama você. Lembre-se, nesta maré de ódio, do que é o amor.
Você pode estar de coração partido ou furioso, ou ambos ao mesmo tempo; você pode gritar no seu carro ou em um penhasco; você também pode se levantar amanhã, regar os vasos de flores, ligar para alguém que está mal e verificar seu equipamento para seguir em frente.
Muitos de nós seremos atacados diretamente, e muitos de nós resistiremos construindo solidariedade e santuário. Reúna seus recursos, aqueles metafísicos que são coração e alma e cuidado, assim como os práticos.
As pessoas mantiveram a fé nas ditaduras da América do Sul nas décadas de 1970 e 1980, nos países do Bloco Oriental e na URSS, mulheres estão protestando agora no Irã e as pessoas lá estão escrevendo poesia. Não há alternativa a perseverar, e isso não exige que você se sinta bem. Você pode continuar caminhando, faça sol ou faça chuva.
Cuide de si mesmo e lembre-se de que cuidar de algo mais é uma parte importante de cuidar de si mesmo, porque você está entrelaçado com as dez trilhões de coisas neste único tecido do destino que foi manchado e rasgado, mas que ainda está sendo tecido, consertado e lavado.”