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Com a palavra a ciência

Alimentação

O que comemos afeta diretamente a saúde do cérebro e do coração. Uma dieta equilibrada,  que inclua muitos vegetais, grãos inteiros e proteínas de fonte vegetal ajuda a manter uma  ótima saúde e uma vida longeva. Limitar a ingestão de alimentos ultra processados,  gorduras saturadas e açúcares pode diminuir ou mesmo zerar o risco de desenvolver  doenças crônicas, como diabete, doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.  Existem evidências volumosas sobre a relação entre o que comemos e nossa saúde. O  estudo mais popular foi conduzido em regiões cujas populações envelhecem com muita  saúde. Foram identificadas 5 dessas regiões no planeta, que ficaram conhecidas por “zonas  azuis”. Elas guardam entre si algumas similaridades, particularmente na alimentação. Saber o  que essas pessoas comem ajudou muito a compreender como os hábitos alimentares são  chave para uma vida longa e saudável. Afinal, quem quer viver muito e doente? Ninguém! 

ZONAS AZUIS E A LONGEVIDADE  

O envelhecimento é um processo inevitável. O decaimento celular vem com a idade  cronológica, que se refere ao tempo que estamos vivos desde o nascimento. Mas, existe  outro marcador importante, a nossa idade biológica.  

Segundo um estudo da Universidade de Stanford, há indicadores biológicos importantes  para determinar a idade biológica. Nada novo, esses parâmetros estão todos relacionados  com nossos hábitos de vida, incluindo como nos alimentamos. Para avaliar se uma pessoa 

mais velha tem ou não boa idade biológica, avalia-se a saúde do coração, a capacidade  respiratória do pulmões, o cérebro em sua capacidade cognitiva, a imunidade e, finalmente  o elemento top e pop, o comprimento dos telômeros! 

Os Telômeros são demais! Eles ficam ali no final do cromossoma e dão uma proteção ao  nosso material genético, idêntica àquela proteção que se tem nos cadarços de sapatos. A  idade biológica é influenciada pela epigenética, pelo estilo de vida e pela visão de mundo  (crenças), e essa capinha protetora pode ou não ficar comprometida na medida que os anos  passam, e isso é usado para avaliar a idade biológica de uma pessoa. Uma pessoa acima de  60 anos pode ter sua idade biológica ainda nos 30, isso é verdade e é, inclusive, meu caso.  

Ai você pode pensar, ah mas isso requer uma vida regrada demais, não comer quase nada,  não beber e se matar na atividade física. Será mesmo? 

Com o avanço da ciência e da tecnologia, o ser humano passou a viver mais tempo. De  acordo com o Banco Mundial, a expectativa de vida global ao nascer aumentou de 65,3  anos em 1990 para 72,6 anos em 2019. Este aumento é de 7,3 anos, ou 11,2%. A projeção  da expectativa de vida para os próximos anos é difícil de prever, devido aos muitos fatores  que podem influenciá-la, principalmente as condições materiais de vida das pessoas.  Entretanto, é provável que a expectativa de vida continue a aumentar devido aos avanços na  tecnologia médica e nutricional, melhor acesso à saúde e melhor alimentação, o que, mais  uma vez faz uma relação direta com as condições econômicas dos indivíduos. Não  podemos desconsiderar a enorme disparidade da expectativa de vida entre países pobres e  ricos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a expectativa média de vida para os  países de baixa renda é de aproximadamente 64 anos, enquanto a expectativa média de  vida para os países de alta renda é de aproximadamente 82 anos. 

Uma alimentação equilibrada, como a que se preconiza pela medicina do estilo de vida, e  praticada nas zonas azuis, não precisa ser cara, e isso é uma boa notícia. Permita-me te  conduzir então às zonas azuis e ver mais sobre essas pessoas e o que elas comem! 

As zonas azuis são 5 cidades nas quais as pessoas desenvolveram hábitos de vida e de  alimentação que promovem uma grande longevidade e bem estar. Essas cidades estão  ressaltadas na figura acima. 

Seus habitantes guardavam algo em comum quanto aos seus estilos de vida, e no que se  refere à alimentação, todos tinham dietas baseadas principalmente em vegetais. Os  alimentos mais consumidos nestas regiões são de baixo teor calórico, ricos em minerais,  vitaminas e compostos antioxidantes, leguminosas, grãos integrais e oleaginosas. Eles  consomem pouquíssimo peixes e ainda menos carnes vermelhas, e preferem fontes  proteicas de origem vegetal como tofu, cogumelo e soja. As carnes são ingeridas em média  apenas 5 vezes por mês e em porções pequenas. Os alimentos são naturais e ricos em  nutrientes, não há consumo de alimentos processados, repletos de sódio e gordura  saturada. 

As dietas com grande consumo de alimentos de origem animal, gordura saturada, como as  carnes, e os alimentos processados, estão muito associadas ao aumento do risco de  doenças crônicas, que causam o maior número de mortes no mundo, tais como a diabete,  doença do coração, hipertensão, obesidade, dentre outras que temos falado nos artigos  anteriores. 

 

COMO COMEMOS  

No Brasil, nossos hábitos seguem a maioria de outros países. Come-se alta quantidade de  alimentos processados, ricos em gorduras ruins, açúcar, sódio e grãos refinados, e baixa  quantidade de alimentos frescos e de origem vegetal.

Esses alimentos são pobres em fibras, aumentam o risco para a síndrome metabólica, que  nada mais é do que uma série de eventos inflamatórios causados principalmente pela 

insulina, ao lado do aumento do triglicérides, do aumento do colesterol ruim (LDL),  diminuição do colesterol bom (HDL), aumento da pressão arterial e da glicemia.  

As gorduras muito ruins saturadas que estão nas carnes, nos óleos ruins, no leite de vaca e  na margarina são altamente inflamatórias. Três coisinhas importantes sobre a insulina que  vale a pena saber: a insulina é um hormônio inflamatório, que aumenta o risco de infarto,  inflama o cérebro, e que é um grande risco para o Alzheimer, o chamado “diabetes do  cérebro”. Esse hormônio faz aumentar o estoque de gordura celular na região abdominal e  intra-abdominal (gordura visceral), que é péssimo para a saúde. E por fim, a constante  produção de insulina pelo pâncreas pode causar uma falência deste órgão, e daí a pessoa  se torna diabética. 

 

COMO SE ALIMENTAR  

Francamente, é fácil: coma comida de verdade! A comida deve ser variada, não processada  e natural. Não exagere, deixe um espaço no estômago para que a digestão aconteça e  prefira alimentos de origem vegetal. Não, você não precisa se tornar vegetariano ou vegano,  embora isso é não seja ruim! Apenas diminua consideravelmente a ingestão de proteína  animal, comendo com moderação e eventualmente esses alimentos. 

Importante também é reduzir o consumo de bebidas adoçadas e evite adoçar seu café ou  chá. Nada de salgadinhos, doces, quitandas e carnes em excesso. Fritura deve ser evitada.  Diminua os laticínios. Aumente o consumo de vegetais, não exceda nas frutas, e aventure se! 

Não há um modelo a seguir, somente orientações gerais. Aprecie o alimento que vem da  terra, que traz vida sem tirar a vida de ninguém, que não maltrata a natureza, que tem  origem definida, de preferência de pequenos agricultores, e se for possível, dê preferências  aos orgânicos. Esse modo de se alimentar trás vigor e ajuda a combater muita toxicidade de  estresse crônico, que aliás, será nosso próximo tema.

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