O ano está virando rápido, já é novembro! Muita coisa aconteceu por aqui nesse canal, não sei se você se lembra, mas tudo começou no início do ano com um papo sobre o quanto as rédeas da mudança são paradoxais. Se por um lado há um desejo de me movimentar para além das ruelas mapeadas e percorridas, há, inegavelmente, algo me retém onde estou. Parece covardia não querer me mover, mas não é, necessariamente. Nessa contenção há sempre algo a ser visto, ouvido, revisto como um preparo cauteloso para me soltar por ai. É ato de bravura pura ficar um pouco mais, o suficiente para compreender e poder então me soltar.
Esse exercício de saber até que ponto ficar e quando me soltar requer um tipo de silêncio, eu diria que requer a angustia da paciência, e vigor, muito vigor interno. Sem um corpo pronto e uma mente que contemple, não acredito ser possível a gestação da mudança. Por isso nossa primeira temporada do ano, a sétima, foi a da Medicina do Alimento. Foram 15 episódios que conversamos sobre os pilares estruturantes do corpo, seus mitos e verdades. Foi lindo poder compartilhar com você tudo que foi depurando na minha vida e carreira, com vistas a te proporcionar material farto para leitura que pôde te ajudar nas suas escolhas de alimento.
Na sequência, a temporada 8 precisava ser aquela que te colocaria pra repensar sua relação com seu corpo e mente, por isso seu nome é: Relaxar Antes Que Seja Tarde. Tarde para que? Para viver, ora! As vezes a gente passa tanto tempo na periferia da nossa vida, atarefados, absortos no maçante cotidiano, naquela rede de obrigações e o cansaço que ela tece que, quando nos damos conta, já estamos doentes e sem energia para simplesmente relaxar e saborear a vida que temos.
O fim da vida é mais rápido do que a vida em si, me parece. Em seus 22 episódios, essa temporada me deu a chance de compartilhar com você o que me abre e permite que eu vá além de mim, de forma relaxada, curiosa e pronta pra vida. Falamos de literatura, de meditação e de arte.
Agora é chegado o momento de iniciar o fechamento desse ano maluco. Sim, parece que cada ano a sociedade e as pessoas ganham mais densidade, de tal forma que, muitas vezes, sinto dificuldade de acompanhar os dramas, de distinguir o real do imaginário, de entender as pessoas. Foi o ano em que fomos confrontados com as tragédias climáticas, com o fim da ilusão de que a natureza se refaz
por sua própria conta. Nada disso. Vimos a terra ser varrida por águas e labaredas. Muito se perdeu, muitos seres se foram, muitas dores. Vimos duas guerras, com seus líderes insanos e sanguinários, se erguerem sobre os céus da vida encobrindo o sol e a lua, tornando tudo turvo e sombrio. Vimos também povos e pessoas que se ergueram em solidariedade com todos os seres e inauguraram projetos delicados, sinceros, de amor que restauram a vida e a esperança.
Como duas linhas que caminham lado a lado – o ódio e a mentira, o coração e a fé. Até onde elas vão não se sabe, quando uma cederá, não se sabe tampouco. O que se espera é que o amor vença o ódio, e que mentira seja dissolvida pela sabedoria.
Mas, o ano se prepara para dobrar-se e se recolher em memórias e eu acho que é um bom momento para começarmos o preparo do nosso corpo e mente para o novo. Um detox do ano é sempre bom e é por isso que essa pequena ultima temporada, a nona, será para isso. Um detox de tudo que entrou em nós e nos causou irritação, inflamação no corpo e na alma.
Vamos nessa!