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Com a palavra a ciência

As boas gorduras: a semente de chia como superalimento  

Você já se perguntou sobre como a chia pode fazer a diferença na sua vida? A semente de chia é  uma fonte inestimável de nutrientes que ajudam diretamente na formação de músculos, na proteção  do coração e cérebro, dos intestinos, na regulação do metabolismo e na proteção da vitalidade  celular. A chia, Salvia Hispânica, quase foi extinta das Américas pré-colombianas pela estupidez  religiosa dos conquistadores espanhóis. Mas ela voltou forte. A semente de chia contem quantidades  enormes de macronutrientes estruturais como a gordura e a proteína, além de ótimas fibras. Por suas  propriedades funcionais, a chia ainda pode ser usada no enriquecimento de alimentos tornando-os  mais saudáveis porque, desta forma, reduz o uso de químicos como os espessantes e as gorduras  hidrogenadas, as horríveis gorduras trans. Vamos olhar de perto essa maravilhosa semente e tudo  que ela tem para oferecer?  

A HISTÓRIA DA CHIA  

O trabalho de pesquisadoras brasileiras publicado na Journal of Food and Technology, que você  pode ler na íntegra aqui, nos permite ver o quanto esse alimento deveria estar na nossa alimentação  cotidianamente. A chia, segundo as autoras, foi um alimento muito importante para os  mesoamericanos pré-colombianos, sendo consumida por maias e astecas para aumentar a  resistência física. Sim, ela tem uma quantidade enorme de proteína, o que vamos falar logo em  seguida. Mas, voltando à história da chia, ela também era usada nos rituais sagrados desses povos o  que enfureceu os espanhóis católicos, que viam essas cerimonias como um ritual pagão. Por conta  disso, lamentavelmente, seu cultivo foi extinto por séculos. Apenas na década de 90, com um grupo  de pesquisadores argentinos em parceria com a universidade do Arizona, seu cultivo foi retomado, para nossa sorte. (Ayerza e Coates. Chia: rediscovering a forgotten crop of the aztecs. Tucson: The University of Arizona  Press, 2005. 215 p.”).  

VALOR NUTRICIONAL DA CHIA  

Quando a semente de chia é combinada com líquido, ela forma uma espécie de gelatina em seu  entorno o que lhe confere sua textura característica. Em razão de poder absorver até 12 vezes o seu  peso em líquido, tanto água quanto óleo, as sementes de chia são frequentemente utilizadas para  preservar a umidade em produtos assados, como aditivo natural para produtos panificados, para  emulsão alimentar ou mesmo como espessante na confecção de pratos doces e salgados.  

A semente de chia tem um elevado valor nutricional com alto conteúdo de ácido α-linolênico  (ômega-3) e linoleico (ômega-6), antioxidantes, fibra dietética e proteína. Veja então que alimento  incrível: em uma porção típica de sementes de chia secas, aproximadamente 2,5 colheres de sopa  (30g), ela fornece 5 gramas de proteína, 10 gramas de fibra, 12 gramas de ótimos carboidratos e 9  gramas de gordura poliinsaturada.  

As gorduras somam cerca de 40% do peso total da semente, com quase 60% de ômega-3 e mais  de 35% de fibra dietética. Junto com seu elevado valor biológico proteico, cerca de 19% do peso  total, a semente de chia contém minerais, vitaminas e antioxidantes naturais como tocoferóis e  polifenóis, sendo que os principais compostos fenólicos são o ácido clorogênico, ácido cafeico, a  quercetina e o kaempferol, como aponta esse estudo de Ixtaina de 2011. Tudo isso faz da semente  de chia um super alimento, essencial na nossa dieta por aumentar o nível de proteção e regulação  biológica como vamos ver em seguida.  

BENEFÍCIOS DA CHIA  

Os ácidos graxos presentes na alimentação podem contribuir para reduzir os riscos de doenças  cardiovasculares, como já comentamos antes. Isso é especialmente relevante na medida em que  entendemos, que as doenças crônicas degenerativas são a principal causa de morte e incapacidade  em todo mundo. No Brasil, mais de 75% de mortes ocorrem por doenças dessa natureza, o que é  triste por dois motivos, tanto essas doenças poderiam ser prevenidas quanto essas mortes evitadas.  

Sabemos muito bem pelas pesquisas disponíveis que o consumo frequente de alimentos ricos em  ômega-3 reduz os níveis de colesterol ruim e triglicerídeos no sangue. O ômega-3 também reduz a  pressão arterial e, desta maneira, ele é um potente auxiliar na prevenção e no tratamento de uma  variedade de doenças, tais como doenças do coração, câncer, artrite, mal de Alzheimer, dentre  outras.  

A biossíntese dessas boas gorduras após sua ingestão, em particular os ácidos graxos EPA  (eicosapentaenoico) e DHA (docosahexaenoico), está diretamente ligada à proteção da saúde  cardiovascular no adulto e ao bom desenvolvimento do cérebro e do sistema visual, respectivamente.  A semente de chia é riquíssima nesses ácidos graxos poliinsaturados.  

Em um estudo espetacular publicado em 2012, realizado com mulheres na pós-menopausa, se  conclui que o consumo de 25g de semente de chia por dia, durante 7 semanas, foi capaz de  promover uma grande elevação dos níveis plasmáticos de ácido α-linolênico e ácido  eicosapentaenoico em 138% e 30% respectivamente. Além do que foi dito acima sobre a qualidade  de proteção biológica dessas gorduras, elas também são essenciais na produção de energia na  mitocôndria, onde enzimas transformam nutrientes em energia, e na regulação metabólica. 

Os compostos fenólicos têm sido considerados os mais importantes como forma de combater o  estresse oxidativo e radiação UV. Você deve estar se perguntando como eles fazem isso. Através da  quelação, ou seja, esses compostos são capazes de quelar metais pesados e impedir a formação  dos radicais livres. A chia é riquíssima em fenóis e praticamente não oxida em razão de suas  substâncias como a miricetina, quercetina, kaempferol e ácido cafeico. Isso a torna um potente antioxidante primário e sinérgico, contribuindo para sua alta capacidade protetora da oxidação de  gorduras e todos as péssimas consequências que isso acarreta para nossa saúde, especialmente o  câncer.  

A proteína da chia contem todos os aminoácidos essenciais necessários para a nutrição humana. O  percentual de proteína na semente de chia em 100g produzida no Brasil é de 25%, semelhante ao da  lentilha (23%), ervilha (25%) e do grão de bico (21%). Para se ter uma ideia, em 100g de carne o  percentual de proteína varia de 20% a 35%, por isso a chia se reveste de tamanha importância para  as pessoas que não consomem carnes, como os vegetarianos e veganos.  

O consumo de semente de chia fornece uma proteína biologicamente altamente ativa em razão dos  seus peptídeos (biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos), e os peptídeos  desempenham importantes funções como modulação imunológica, antimicrobiana, antitrombótica,  hipocolesterolêmica, antihipertensiva e antioxidante.  

E a fibra alimentar? Sim, para fechar nossa abordagem da chia como um superalimento vamos falar  dos benefícios da fibra alimentar presente nela, que somam mais de 35% de seu peso. Já sabemos  que as fibras são essenciais para a saúde dos intestinos pois ajudam na regulação dos picos de  glicose e insulina, e também aumentam a saciedade, o que influencia grandemente quando o  objetivo é reduzir peso.  

Quando ingerimos o gel formado pela semente de chia que foi embebida em líquido, há a criação de  uma barreira física que separa as enzimas digestivas dos carboidratos, o que faz desacelerar a  velocidade da conversão de carboidratos em açúcar, que é um recurso incalculável no controle da da  glicose e insulina no sangue, prevenindo e controlando a diabetes, e aumentando a saciedade.  

É isso pessoal, em breve trarei receitas deliciosas de chia para vocês. 

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